Terapia ocupacional na primeira infância
de uma criança Down
O que é terapia ocupacional?
Terapia ocupacional é a reabilitação por meio de atividades para melhorar habilidades físicas, cognitivas e emocionais, promovendo independência e qualidade de vida. Aqui você pode conhecer um pouco sobre o que fazer nos primeiros anos de vida para ajudar seu bebê.
De 0 a 2 Anos
A relação mãe-bebê e família-bebê é essencial para o desenvolvimento da criança. Nessa fase, ocorrem transformações neurologicamente e emocionalmente, influenciando a constituição da personalidade e o desenvolvimento motor e cognitivo. Piaget chama essa fase de período sensoriomotor, onde a criança desenvolve inteligência prática e constrói sua noção de mundo por meio da percepção e ação.
Para promover o desenvolvimento da criança com síndrome de Down, é importante oferecer experiências sensoriais variadas no dia a dia, como pendurar um móbile com diferentes texturas próximo ao bebê e permitir que ele explore objetos do cotidiano, como cascas de frutas e esponjas. Aproximar o rosto da mãe ao do bebê, ajudar o bebê a tocar os dedos do pé e proporcionar apoio para que ele se sente são atividades recomendadas.
Estimular a compreensão da permanência dos objetos, permitir interações familiares, deixar a criança experimentar diferentes estímulos e brincar em ambientes externos, como um jardim, são estratégias que promovem seu desenvolvimento. Posicionar brinquedos à distância para encorajar o engatinhar, colocar objetos em uma mesa baixa para incentivar a posição em pé e estimular ações de causa e consequência também são importantes.
A partir de um ano de idade, mostrar a função dos objetos do cotidiano, propor atividades como colocar e tirar brinquedos de uma caixa, empilhar blocos e copos, e oferecer livros infantis com figuras grandes e diferentes texturas contribuem para o desenvolvimento cognitivo e motor. Além disso, estimular a autonomia alimentar, com a criança pegando pedaços de frutas com as mãos, segurando a mamadeira ou o copo infantil, e envolvê-la em tarefas diárias, como trocar de roupa, também são recomendados.
De 2 a 5 Anos
Nesta fase, a função simbólica surge, permitindo o surgimento da linguagem, do desenho e da imitação. A criança pode construir uma imagem mental de um objeto, mesmo que ele não esteja presente. Além disso, ela começa a explorar ambientes além do familiar, socializando-se e frequentando a escola ou creche. É importante estabelecer limites nessa fase, pois a criança já consegue esperar por situações específicas, compreendendo conceitos de tempo e espaço.
Estimular a expressão das necessidades da criança, a construção de brincadeiras e o acesso a brinquedos que auxiliem na compreensão do mundo são essenciais para desenvolver sua independência e autonomia, fundamentais para a vida escolar e adolescência.
Nessa fase, a criança começa a aprender noções de higiene, como usar o banheiro e tomar banho sozinha. O processo pode ser longo, requerendo paciência e planejamento dos pais. É importante evitar confrontos se a criança responder negativamente, adiando o treinamento. Ensinar a criança a lavar o corpo, escovar os dentes e pentear o cabelo também são atividades que exigem supervisão inicial e devem ser ensinadas gradualmente, primeiro observando outras pessoas, depois usando bonecos e, em seguida, fazendo sozinha.
A sociabilização é crucial nessa fase. Aprender regras sociais, compartilhar brincadeiras, pedir e emprestar brinquedos são parte desse processo. Converse com a criança, estimule-a a contar suas experiências e valorize o que ela diz. Inclua-a nas conversas sempre que possível e evite falar por ela.
Estimular atividades lúdicas é muito importante nessa fase. Música, dança, pintura, argila e massinha são atividades prazerosas que auxiliam no desenvolvimento motor e intelectual. Brincar de faz-de-conta, contar histórias e ajudar a criança a recordar o que foi feito durante o dia também são atividades importantes para a memória e evitam que ela faça as coisas de forma mecânica.
Ideias e sugestões importantes nesta fase incluem:
-
Use brinquedos de causa e efeito para estimular a criança a entender que suas ações têm consequências diretas no ambiente.
-
Introduza brinquedos que reproduzam atividades cotidianas, como panelinhas, frutas e bichinhos, mostrando como essas coisas funcionam.
-
Estimule a criança a identificar objetos semelhantes para ajudá-la a trabalhar o conceito de igual e diferente, que serão importantes para o aprendizado contínuo.
-
Ofereça massinha com moldes geométricos e formas de animais para a criança brincar.
-
Apresente encaixes de formas geométricas, associação entre cores e formas, e trabalhe conceitos de tamanho (grande-pequeno), formas (círculo, quadrado, triângulo), dentro e fora.
-
Estimule a criança a imitar gestos e fazer gestos acompanhando músicas infantis, gradualmente dispensando os modelos e permitindo que ela faça os gestos por iniciativa própria.
-
Estimule a criança a explorar os brinquedos de forma mais elaborada, como virar o objeto, cheirá-lo, apertá-lo e senti-lo com as duas mãos, separar e retirar peças, ouvir os sons que o brinquedo produz e chacoalhá-lo. Evite que a criança coloque o brinquedo na boca ou o jogue para longe como única forma de exploração.
-
Permita que a criança tenha uma participação maior nas atividades diárias, solicitando ajuda na hora de se vestir, lavar as mãos e ensaboar-se durante o banho. Ajude a criança, mas não faça tudo por ela. Divida as atividades em partes.
-
Estimule a criança a desenhar no papel ou em um quadro negro, oferecendo giz de cera ou lápis em tamanhos menores para desenvolver o movimento de pinça dos dedos.
-
Leia livros infantis para a criança e estimule-a a recontar as histórias. No início, escolha histórias curtas.
-
Proporcione oportunidades para que a criança brinque na areia, construindo castelos ou bolos de areia, usando baldes, pás, etc.
-
Apresente à criança o máximo de estímulos diferentes e permita que ela tenha diversas experiências que facilitarão seu aprendizado ao longo da vida.
Estabeleça rotinas desde cedo para a criança e organize o ambiente em que ela está inserida. Insista para que ela conclua as atividades e guarde os brinquedos ao final.
Fonte: Guia Do Bebê Com síndrome de Down - Dr. Zan Mustacchi